sábado, 27 de julho de 2013

DIA 12 - parte I

A fome e o cansaço daquele dia bastante pesado nos fizeram optar por não andar muito, nem procurar algum restaurante. Perto do hotel tinha uma praça, e lá alguns pit dogs, o que já era mais que suficiente. Enquanto andávamos, pude observar com mais atenção, reparar nos detalhes da arquitetura, nas pessoas, no clima harmônico daquele lugar. Exceto pelo multidão que transitava nas ruazinhas apertadas, a grande maioria com cara de turista, aquele ambiente me pareceu bem interiorano, trazendo uma certa paz de espírito.
            Perdido nas minhas observações e trocando algumas palavras com Clarice, segui o caminho até o centro da praça, onde se concentravam as lanchonetes. Sentamos logo na primeira, o que não fazia diferença nenhuma. Pegamos o cardápio, logo o garçom se prontificou a anotar nossos pedidos. Rapidamente escolhemos a comida e despachamos o rapaz para outra mesa.
- E aí, achando tudo muito estranho né? – Disse ela ajeitando o cabelo atrás da orelha.
- Ué, não muito. Lógico que não esperava que isso fosse acontecer, mas...sei lá.
- Eu nunca esperava isso. Na verdade não esperava nada do que aconteceu. Só queria me divertir, sabe? Matar a saudade. E agora tá tudo tão diferente assim.
- É, tá mesmo. Nunca achei que conheceria alguém na viagem, muito menos que ia dividir o quarto. Mas tô até animado, acho que vai ser melhor.
- Acha mesmo? Tive a impressão que você se arrependeu. Sei lá.
- Não, de jeito nenhum. Quando decidi vir pra cá não pensei muito bem sobre nada, sabe? Só vim, sem mais. Decidi ficar à mercê do acaso.
- Viu no que deu? Foi confiar no acaso...Acabou com uma estranha dormindo no seu quarto. – Falou sorrindo, como se soubesse o quão bem ela estava me fazendo.
- É. – sorri junto – Pela primeira vez o acaso resolveu ser meu amigo.
- Seu amigo, porque? – Perguntou ela curiosa no que eu iria responder. Quando fiz a pergunta não tive consciência do que podia representar. Deixei escapar os meus sentimentos, agora teria que concertar as coisas.
- Porque viajar sozinho seria ruim. Ele me trouxe companhia, ué! – Tentei camuflar, acho que sem sucesso.
- Hum, tá. E...
- Licença, pessoal. Os sanduíches. – Interrompeu o garçom, se colocando entre eu e Clarice para chegar à mesa com nossos pedidos. – Qualquer coisa só chamar, tá?
- Beleza. – Respondi.
Quase não conversamos enquanto comíamos. O assunto que antes prometia encontrar rumos perigosos à minha intenção de esconder o que eu sentia foi deixado de lado e agora se resumia apenas em opiniões sobre a qualidade da comida. Melhor assim. Depois de comer, deixamos a lanchonete e caminhamos de volta ao hotel. Durante o percurso nos dedicamos apenas a planejar o dia seguinte, e mais uma vez aquela interrupção passou despercebida em nosso assuntos.
Chegamos ao hotel. À medida que aproximávamos do quarto eu ficava mais nervoso, não tinha como adiar. A porta trancada à minha frente e alguns passos eram as únicas coisas que me separavam de deitar com ela. Minhas mãos suavam frio, meu coração batia tão forte que desconfio que ela escutava cada pulsação. Eu não estava preparado, tinha medo da minha reação. Tentava não transparecer nada disso, mas estava cada vez mais difícil.
Entramos, Clarice foi para o banheiro trocar de roupa e eu me deitei. A cena dela saindo do banho voltou a minha cabeça, trazendo um misto de medo e excitação. Não tinha o que fazer, era enfrentar a situação, apenas. Ela saiu vestindo um pijama listrado, com linhas rosas que estampavam o fundo branco. O short era curto, revelando as coxas bem torneadas que ela escondia sob as calças jeans. Enquanto eu a mirava de cima a baixo, ela colocou a mochila na poltrona onde eu tinha dormido a tarde e, bem lentamente, veio caminhando em minha direção, ou melhor, na direção da cama.


Nenhum comentário:

Postar um comentário