segunda-feira, 1 de julho de 2013

DIA 01

A melhor companhia de um fracassado é a cerveja. Se ele for daqueles que só bebem destilado, passemos então ao whisky. O fato é que a bebida torna o fracassado menos fracassado, mais alguém. Sempre fui desses. Vejo na bebida uma ótima companheira, amiga até. E antes que vocês me perguntem (se é que alguém se interesse por isso) não sou alcoólatra, em hipótese alguma. E é isso o que justamente me agrada no álcool. A sensação de ter suas percepções levemente alteradas mas sem perder o controle delas. Ter seus sentidos expandidos e seus medos minimizados. Esse ponto de equilíbrio entre a embriaguez e a leveza de espírito é, sem dúvida, um dos grandes prazeres da vida.
Outra peça que compõe o infindo cenário de um fracassado é o cinza. Nem preto nem branco, cinza. Todos os dias são cinzentos, chuvosos, com a mesma cara de que nunca acabarão. Isso tudo visto pela janela de um quarto escuro, abafado e com cheiro forte de cigarro. Um carpete barato, uma estante com livros que nunca foram lidos e uma escrivaninha com rabiscos e rascunhos totalmente descartáveis, mas que por mero desprezo não estão no cesto de lixo. Apertada em um canto uma cama de solteiro. Palco perfeito de um fracassado. Minha casa.
Já aviso aos possíveis leitores que a maioria de minhas histórias se passarão em cenários assim, quando não for exatamente esse. Do mais, bem-vindo ao meu mundo.

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