Faltam 9 dias. Depois daquele beijo as coisas mudaram entre nós.
Deixamos de nos tratar como apenas amigos e algumas outras intimidades surgiram
no nosso relacionamento. Porém, não éramos e também não agíamos como namorados,
um meio termo entre amizade e namoro resumia bem nossa relação. As coisas iam
bem, a tensão latente de antes e depois do beijo ia desaparecendo
gradativamente, deixando tudo ainda mais prazeroso.
Passávamos
os dias fora, como desde o início da viagem, e a noite voltávamos para o hotel,
onde podíamos curtir mais um ao outro. Por conta da nossa nova condição, ela
tomava bem menos cuidado com algumas situações. Antes, as trocas de roupa eram
tensas, feitas no banheiro com bastante cuidado. Agora não, ela saía do banho
apenas de toalha e passava por mim sem grandes constrangimentos. Dormir ao lado
um do outro também deixou de ser uma tarefa complicada e tinha se tornado um
momento de grande expectativa e, pelo menos da minha parte, de excitação.
Em uma
dessas noites tínhamos chegado da rua, e cansado, deitei. Poucos segundos
depois ela me acompanhou e se acomodou ao meu lado. Nos beijamos por alguns
instantes, no final do beijo, senti sua boca no cantinho da minha orelha. Com a
respiração ofegante, a voz bem baixinha ela soltou:
- Tô com vontade. – Meu coração voltou a acelerar, como nas
primeiras vezes em que conversei com ela. Fiquei meio atordoado, sem saber o
que fazer.
- Do que? – Perguntei, sem perceber o quão ridículo soava
aquela indagação.
- Ué, você sabe...Você, nunca, né?
- Não...
- Fica tranquilo, não precisa ter vergonha. – Ela se
levantou, desligou a luz e voltou para a cama. Senti seu calor se aproximando
de mim, Ela tirou a blusa e a pouca luz externa iluminava ao mínimo o quarto e
deixava à mostra a silhueta dos belos seios que ela tinha, ainda parcialmente escondidos
pelo sutiã. Tudo ficava ainda mais excitante.
Senti seus lábios no meu pescoço,
subindo até o inicio da minha orelha. Passava a mão nos meus ombros, as
vezes descendo até o peitoral. Ela se aproximou, senti seus peitos, me arrepiei
dos pés à cabeça. Como numa valsa, Clarice ia conduzindo aquela dança. Tirou
minha blusa, se envolveu entre meus braços. Ainda trêmulo, acariciei suas
costas e senti que ela também se arrepiava com meus toques. Desabotoei seu
sutiã e levemente, senti ele escorregar entre nossos corpos. Meus pensamentos
viajam à lugares jamais imaginados, meu corpo vivia um turbilhão de sensações
que me faziam entrar em delírio. Paulatinamente ela ia se despindo completamente,
elevando meu estado de excitação à um ponto que eu sempre pensava que não era
possível aumentar. Percebendo que eu não seria capaz de fazer muitas coisas,
ela ia tomando as ações por mim. Me entreguei por completo a ela, e nos
amamos naquela noite.
Durante toda a madrugada permanecemos num
clima diferente. Nos intervalos, conversávamos sobre tudo que havia acontecido
entre nós, desenrolando como uma fita a sucessão dos fatos que nos levaram até
aquele momento. O ônibus, a velha gorda, o namorado, o encontro no hotel. A
soma disso tudo tinha resultado no momento mais especial da minha vida. Não por
perder a virgindade, mas por ter enfim lutado e conseguido alguma em coisa em
minha vida. Queria que aquele momento durasse por toda a eternidade.