O fracasso é apenas uma consequência
dos seus próprios atos. É certo que ele acompanha também uma dose de azar, mas
nada que tire de você a própria culpa. Ninguém escolhe o insucesso, mas todo
fracassado aceita a sua condição e passa a conviver amigavelmente com ela.
Meu
insucesso já dava sinais de sua existência na época de escola. Não era bonito
nem inteligente. Não gostava de esportes e muito menos chamava A atenção das
meninas. Um aluno mediano, com o uniforme meio sujo, o óculos ensebado e os
tênis gastos. Não tinha amigos e também não fazia questão de tê-los, afinal eu
não saberia lidar com eles.
O mais próximo que tive de um amigo
ficou lá no meu primário, terceira série (hoje o quarto ano). Um menino de fora
que havia acabado de chegar na cidade. Os pais dele tinham se separado e mãe
sofria constantes ameaçadas do pai que não aceitava a separação. Em uma de suas
bebedeiras, o pai dele invadiu o apartamento, agarrou a ex-mulher pelo braço, enfiou-a
pela janela e ameaçou jogá-la do décimo sétimo andar se o casamento não fosse
reatado. Tudo isso na frente do filho, que contava na época apenas 8 anos.
Assustada, ela decidiu fugir.
Lógico que nos primeiros anos de
convivência eu não conhecia essa história e nem teria maturidade para entendê-la.
Só fiquei sabendo o motivo de sua aparição na minha cidade em uma das nossas
últimas conversas. Mas desde o momento que ele entrou naquela sala de aula, e
na minha vida, eu já sabia que a história dele era diferente. O medo e o
assombro que ele tinha no olhar denunciavam seu passado.
Fora esse amigo, sempre levei uma
vida mais ou menos, o que acabou por me conduzir ao fracasso. Hoje, olho pra
trás e não reclamo, não imagino como eu seria se tivesse lutado contra a
correnteza e procurado um lugar ao sol. Como disse no começo, o fracasso é
apenas uma questão de aceitação. Depois que você percebe sua condição, o mais
fácil é conviver com ela sem arrependimentos.
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