Na medida em que o
tempo passa, o fracasso vai se apresentando e se tornando perceptível na vida
das suas vítimas. Como a sombra, que sempre anda ao seu lado e cresce
exatamente na mesma proporção que você.
O meu décimo sétimo
aniversário se aproximava, e com ele, sem que eu percebesse, o meu malogrado
futuro. Um garoto aos 17 anos está em plena alteração de rota. É o momento onde
o mundo se põe diante dos jovens olhos deslumbrados e se oferece com toda
sedução possível, fazendo com que cada célula do corpo responda a esses
estímulos numa extasiada euforia.
Não as minhas. Nada de anormal acontecia
dentro de mim. Todas essas novidades não me provocaram nenhum interesse, e acho
até que passaram despercebidas pelas minhas células sensoriais. Tudo continuava
na velha mesmice. Nenhuma perspectiva, nenhuma mudança, nada. Aliás, minto. Um
fato tinha alterado (mesmo que não muito) os rumos da minha vida. Nessa época
eu já não tinha mais o amigo que lhes contei na história passada. Aqui já fazia
algum tempo que ele havia desaparecido. Os motivos não os revelo agora porque
ainda faltam peças para formar o quebra-cabeça que foi nosso relacionamento. Em
histórias futuras asseguro-lhes que voltarei a este ponto. Voltemos aos 17
anos, que é o importante agora.
Nessa idade foi que
eu comecei a perceber os rumos que minha vida lentamente seguia. Confesso que
neste momento o vazio dos meus dias começou a me incomodar, e procurando fugir
dele busquei algumas alternativas. A primeira delas foi tentar descobrir a
minha vocação. Nesse período a maioria dos jovens começa a encarar a primeira
decisão difícil na vida: A profissão.
Para mim era ainda muito
mais difícil, como você verá. Até então nunca tinha me feito aquela famosa
pergunta: “O que vou ser quando crescer?”. Na realidade eu ainda não tinha
pensado em crescer. Quando decidi pensar, já tinha crescido.
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