quarta-feira, 3 de julho de 2013

DIA 03

Na medida em que o tempo passa, o fracasso vai se apresentando e se tornando perceptível na vida das suas vítimas. Como a sombra, que sempre anda ao seu lado e cresce exatamente na mesma proporção que você.
O meu décimo sétimo aniversário se aproximava, e com ele, sem que eu percebesse, o meu malogrado futuro. Um garoto aos 17 anos está em plena alteração de rota. É o momento onde o mundo se põe diante dos jovens olhos deslumbrados e se oferece com toda sedução possível, fazendo com que cada célula do corpo responda a esses estímulos numa extasiada euforia.
 Não as minhas. Nada de anormal acontecia dentro de mim. Todas essas novidades não me provocaram nenhum interesse, e acho até que passaram despercebidas pelas minhas células sensoriais. Tudo continuava na velha mesmice. Nenhuma perspectiva, nenhuma mudança, nada. Aliás, minto. Um fato tinha alterado (mesmo que não muito) os rumos da minha vida. Nessa época eu já não tinha mais o amigo que lhes contei na história passada. Aqui já fazia algum tempo que ele havia desaparecido. Os motivos não os revelo agora porque ainda faltam peças para formar o quebra-cabeça que foi nosso relacionamento. Em histórias futuras asseguro-lhes que voltarei a este ponto. Voltemos aos 17 anos, que é o importante agora.
Nessa idade foi que eu comecei a perceber os rumos que minha vida lentamente seguia. Confesso que neste momento o vazio dos meus dias começou a me incomodar, e procurando fugir dele busquei algumas alternativas. A primeira delas foi tentar descobrir a minha vocação. Nesse período a maioria dos jovens começa a encarar a primeira decisão difícil na vida: A profissão.

Para mim era ainda muito mais difícil, como você verá. Até então nunca tinha me feito aquela famosa pergunta: “O que vou ser quando crescer?”. Na realidade eu ainda não tinha pensado em crescer. Quando decidi pensar, já tinha crescido.

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