Ela esboçou um sorriso e antes de sairmos do quarto, me
agradeceu por tudo. Fomo conversando sobre a cidade até a entrada, ela me
indicava os lugares bons, restaurantes, praias, resorts. Eu nem interessava
muito em nada, qualquer lugar com ela já estaria ótimo. Quando chegamos na
recepção a atendente fez um cara que deixava mais do que claro os seus pensamentos: "Ai meu Deus, os dois loucos de novo não."
Clarice
percebeu a expressão dela e ficou com vergonha. Antes mesmo que eu falasse
alguma coisa ela se desculpou com a recepcionista, que entendeu a menina e até
melhorou a expressão fácil, deixando transparecer uma certa simpatia.
- Moça, será que tem mais um quarto simples disponível? –
Perguntei.
- Bom, deixa eu ver aqui. – Voltou os olhos para a tela do
computador – Ish, garoto, quarto individual tenho apenas uma suíte luxo, que é
bem mais cara. Você quer para o mesmo tempo que o seu? – Disse ela parecendo
entender que o destino tinha pregado alguma peça em Clarice e que agora ela
faria me companhia durante minha estadia.
- Sim. – respondi.
- Pois é, só tenho essa suíte luxo. Pode ser? – Disse ela
parecendo constrangida por não poder me atender.
- Ah...quanto ficaria o quarto durante os 7 dia?
- Não, espera. Não vou ficar numa suíte luxo, ainda mais com
você pagando, cara. Tá doido? – interrompeu Clarice.
- Mas onde você vai ficar? Quer olhar nos hotéis aqui perto,
então?
- Tem quarto de casal, moça? – Disse ela sem olhar para mim,
arrancando uma cara de surpresa da recepcionista e lógico, de mim.
- Casal, né? Hum...Vou verificar aqui. – Falou a moça,
confirmando minha impressão de que ela estava espantado com aquilo tudo.
Enquanto ela verificava eu olhei para Clarice e perguntei se ela tinha certeza.
- Você se importa? Por mim tudo bem. Fica até mais barato, eu
acho. Mas você que sabe.
- Não, por mim...hã...tudo bem, ué.
- Beleza. E aí, tem?
- Tem, um quarto de casal simples. Os mesmo sete dias, né?
- E aí, vamos pegar? – Me perguntou com animação.
- Pode ser, moça. Troca minha reserva então.
- Ok. – Enquanto a troca era feita eu fiquei pensando no que
seria de agora para frente. Há poucos minutos atrás eu nunca mais veria
Clarice. Agora eu a teria no meu quarto, durante uma semana inteira. Pela
primeira vez tudo estava dando certo para mim, incrível! Pelo menos era o que
eu pensava naquele momento.
A troca foi
feita, passei no 101 e peguei minha mochila. Devolvi a chave e subimos para o
204. Clarice parecia ter esquecido parcialmente o que tinha acontecido com ela
e se entusiasmava com a minha viagem, que agora era dela também. Por algum
milagre eu consegui conter meus sentimentos, minha vontade de pular no pescoço
dela e enchê-la de beijos. De falar o quanto aquilo tudo era novo e maravilhoso
para mim, que ela tinha trazido novo sentido para a minha vida. Não falei
nada, mesmo que algumas dessas coisas escapavam de mim através dos meus
excessivos sorrisos.
Quando fui
destrancar a porta, senti a mão dela tocando a minha, apertando meus dedos. Girei
a chave, ela apertou ainda mais. Abri a porta, entramos.
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