domingo, 11 de agosto de 2013

DIA 15

Antes de começar os relatos de hoje, preciso explicar um detalhe. Alguns fatos e dias de pequena importância para a história serão apenas citados ou nem isso, para evitar que me prolongue demais. Além disso, a partir de hoje, farei uma contagem regressiva para o fim dos meus escritos. Faltam 13 dias.
            Ir à praia era uma coisa extremamente incomum na minha vida, por isso tinha sido o destino escolhido. Queria afastar a monotonia, espantar a mesmice e buscar coisa nova, e como só tinha visitado o litoral apenas quando criança, decidi que poderia ser a praia a maior aventura. De certa maneira tinha me enganado, já que uma grande paixão tinha tomado esse posto para si. De qualquer maneira, o contato com a areia, com o mar me fez muito bem.
Chegar àquele cenário paradisíaco me fez esquecer por alguns dias a medíocre vida que eu levava. A tamanha beleza daquele lugar me hipnotizou, me transportou para um mundo que eu não conhecia, me fez enxergar novos horizontes. Os grãos de areia em contato direto com meus pés, a maresia batendo no meu rosto, sacudindo num movimento frenético meus cabelos, a mão esquerda de Clarice repousada no meu ombro. Um momento de rara paz e felicidade na minha existência, que jamais foi esquecido por mim.
Passamos algumas horas na praia, a maioria do tempo debaixo do guarda sol, devido a minha baixíssima resistência ao sol mesmo besuntado de filtro solar. O que não impediu em nada que nos divertíssemos muito conversando e observando as demais pessoas que estavam ali. Algumas até eram dignas de comentários, as vezes de caráter meio maldoso, porém, engraçados. Mas o clímax do passeio foi uma das nossas idas ao mar, quando aconteceu um fato digno daquelas novelas bem melodramáticas da tv. Ela me desafiou a mergulhar contra uma onda, atravessá-la. Como era apenas minha segunda vez no mar, estava ciente de que teria sérias dificuldades pra isso, porém, não queria mostrar mais uma fraqueza à ela e decidido a encarar, aguardei a onda. Quando ela surgiu próximo de nós, me preparei e vi que ao meu lado ela também se posicionava. A onde chegou mais forte que imaginávamos e ao invés de atravessarmos, fomos engolidos por ela. Naquela turbilhão de água senti meu corpo chocar o dela com uma violência até considerável. Durante alguns segundos tivemos totalmente entregues à vontade das águas, até que o fim da onda nos arremessou na areia, um sobre o outro, colados.
Quando percebi a posição que nos encontrávamos, senti meu corpo queimar. Não por excitação, e sim por vergonha. Estava tenso, apenas aguardando alguma reação de repugnância ou indignação da parte dela. Mesmo assim não me movi, um dedo sequer. Me mantive ali, por debaixo daquele corpo quente e molhado que me prensava suavemente contra a areia. Para minha total surpresa, ela deu uma gargalhada e disse:
- Nossa, cara! Você é maluco? Pulou em cima de mim. Sabe nadar no mar não?
- A culpa não foi minha, ué! A onda que veio grande demais, viu não? Duvido que você conseguiria furar essa
- Nunca duvide de mim – falou ela, já diminuindo o volume das gargalhadas – E é logico que conseguiria!
- Sei não. – completei encerrando o assunto.

            Ela se levantou, deixando os seios bem salientados, numa visão estonteante. Não os encarei por muito tempo com medo que ela percebesse. Peguei em sua mão, me levantei também e fomos nos sentar de novo sob o guarda sol. Não consegui tirar o acontecido da minha cabeça. Ficou lá, martelando em minha mente, atordoando meus sentidos. Pouco tempo depois fomos embora. Eu ainda carregando a cena comigo.

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