quinta-feira, 8 de agosto de 2013

DIA 14

Acordei no outro dia por volta das 11 horas. Nunca fui de levantar tarde, pelo contrário, normalmente às 8 eu já estava de pé. Mas toda aquela carga emocional tinha me levado à exaustão. Além disso, eu tinha dormido muito tarde, justificando esse fato raríssimo na minha vida.
Olhei para o lado na expectativa de ver Clarice, mas não a encontrei. Me levantei, fui até a porta do banheiro, bati, ninguém respondeu. Abri a porta lentamente, estava vazio. Onde será que ela estaria? Resolvi esperar, fui tomar um banho. Pouco tempo depois escutei barulhos no quarto, denunciando que ela havia chegado. Mesmo sabendo que ela voltaria, senti aliviado ao ter certeza que estava lá. Lavei meu rosto, desliguei o chuveiro, peguei a toalha. Me sequei, quando estava enrolando-a em minha cintura, a porta do banheiro se abriu num rompante:
- Ah, desculpa! Você estava aí? Não sabia, desculpa! – disse assustada, enquanto fechava a porta quase na mesma velocidade em que a abriu.
- Nossa, cara, quase me matou de susto! – respondi envergonhado – Tô saindo já, terminei. Onde você tava? Acordei tarde, não te achei.
- Tava no café. Até te esperei, mas a cantina fechava as 10 e vi que você não ia levantar mesmo, fui lá.
- Nossa! É mesmo. Podia ter me chamado, tô com fome. Agora vai ater que ir achar uma padaria pra me levar.
- Vou não. – respondeu ela, entrando no banheiro e dessa vez, trancando a porta.
Na mesinha do quarto estava preparado o meu café-da-manhã. Pães-de-queijo, um pedaço de bolo de chocolate, uma maça e um copo de leite. Fiquei surpreso com aquela atitude, passando a admirá-la ainda mais. Me vesti rápido, antes que ela voltasse para o quarto e mais uma vez me pegasse de modo constrangedor. Quando me sentei na mesa, ela saiu do banheiro:
- Eu não sabia o que você gostava, trouxe isso. Acertei? – indagou com uma doçura que acentuava ainda mais meus sentimentos por ela.
- Uhum, na mosca. – respondi, provocando um sorriso em seu rosto. – Obrigado!
- Ainda bem. Tá uma delícia, principalmente o pão-de-queijo. – Ela foi até sua mochila, pegou algumas roupas e voltou para o banheiro. Vê-la de toalha já era algo mais natural, tendo em vista que nossa relação avançava a passos largos. Enquanto eu comia ela voltou, já vestida. Sentou ao meu lado.
- Vamos à praia? O sol tá ótimo hoje!
- Ué, vamos. Você que vai ser minha guia turística.
- Beleza. Come aí então, para gente ir.
- Tá.

Durante meu desjejum conversamos algumas coisas, fazendo várias rotas e planos futuros. Enfim começaríamos nossas aventuras, depois de um primeiro dia turbulento e abarrotado de imprevistos. Ela parecia bem animada, pra quem tinha passado por uma situação tão delicada recentemente. Eu tinha perdido aquela passividade que me acompanhava a vida toda, e pela primeira vez em muito tempo me sentia vivo, pulsante, confiante de que tudo daria certo. Acabei de comer, escovei meus dentes e saímos.

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